O ACESSO À JUSTIÇA E O USO DA TECNOLOGIA: GARANTIA DE UM PROCESSO JUDICIÁRIO NÃO EXCLUDENTE?

JOSÉ ALBERTO MONTEIRO MARTINS, ELIANA FIGUEIREDO CAMILO

Resumo


Objetivo: analisar o termo acesso à Justiça dos Projetos Florença e do Global Access to Justice Project, bem como do histórico da evolução tecnológica no campo do Direito Processual para refletir a investigar os possíveis obstáculos ao acesso ao direito fundamental de acesso à Justiça. Investiga-se, também, o que a prática forense mostra a respeito da utilização progressiva da Tecnologia pelo Poder Judiciário.


Metodologia: utiliza-se o método dedutivo, mediante revisão bibliográfica, como a leitura de doutrina em livros, artigos científicos e dissertações, bem como documental, por meio de pesquisa de legislação e projetos internacionais.

Resultados: muitas das ferramentas que poderiam facilitar o acesso, na prática, tem um potencial alto de contribuir para um Poder Judiciário excludente. Em um País em que apenas 58% dos seus cidadãos acessam a Internet, exclusivamente via smartphone e que menos de 1/3 da população pode ser considerada plenamente conectada, cujos conectados geralmente são brancos das classes A e B, é impossível imaginar que todos, de forma indistinta, possam acessar o processo eletrônico, seja como forma de ingressar no Poder Judiciário, seja para acompanhar as suas demandas.


Contribuições: trata-se de um tema contemporâneo que contribui para a sua discussão e debate, para que em tempo não distante seja possível afirmar, de fato, que as inovações tecnológicas sistematicamente introduzidas no ordenamento jurídico assegurem o amplo acesso à Justiça a todos os cidadãos.


Palavras-chave: Acesso à Justiça; Tecnologia; Inclusão digital; Poder Judiciário.


ABSTRACT


Objective: to analyze the term access to justice of the Florence Projects and the Global Access to Justice Project, as well as the history of technological evolution in the field of Procedural Law to reflect and investigate the possible obstacles to access the fundamental right of access to justice. It also investigates what the forensic practice shows regarding the progressive use of Technology by the Judiciary.


Methodology: the deductive method is used, through bibliographic review, through the reading of doctrine in books, scientific articles and dissertations, as well as documentary, through the research of legislation and international projects.


Results: many of the tools that could facilitate access, in practice have a high potential to contribute to an exclusionary Judiciary, in a country where only 58% of its citizens access the Internet, exclusively via smartphone and that less than 1/3 of the population can be considered fully connected, whose connected are usually white people from classes A and B. It is impossible to imagine that everyone, indistinctly, can access the electronic process, either to enter the Judiciary, or to follow their demands.


Contributions: this is a contemporary theme that contributes to its discussion and debate, so that in the not too distant time it will be possible to affirm, in fact, that the technological innovations systematically introduced into the legal system ensure broad access to justice for all citizens.


Keywords: Access to Justice; Technology; Digital inclusion; Poder Judiciário.


Palavras-chave


Acesso à Justiça; Tecnologia; Inclusão digital; Poder Judiciário

Texto completo:

PDF

Referências


ALLEMAND, Luiz Cláudio. Tecnologia, Ética e Justiça Multiportas. In: FUX, Luiz; ÁVILA, Henrique; CABRAL, Trícia Navarro Xavier. Tecnologia e Justiça Multiportas. Indaiatuba/SP: Foco, 2021.

BRASIL. CNJ. Resolução 3742, de 12 de fevereiro de 2021. Regulamenta a criação de plataforma de videoconferência denominada “Balcão Virtual.” Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/3742. Acesso em: 9 jun. 2023.

BRASIL. CNJ. Resolução CNJ nº 372/2021. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/3742. Acesso em: 9 jun. 2023.

BRASIL. CNJ. Resolução CNJ nº 473/2022. Disponível em: https://atos.cnj.jus.br/atos/detalhar/3742. Acesso em: 9 jun. 2023.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 8 jun. 2023.

BRASIL. Lei nº. 13.105/2015 (Código de Processo Civil). Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 6 JUN. 2023.

BRASIL. STF. Recurso Especial nº. 1.995.908, de 11 de abril de 2022. Disponível em: https://processo.stj.jus.br/processo/pesquisa/?tipoPesquisa=tipoPesquisaNumeroRegistro&termo=202201001438&totalRegistrosPorPagina=40&aplicacao=processos.ea. Acesso em: 9 jun. 2023.

CABRAL, Trícia Navarro Xavier. Limites da liberdade processual. 2. ed. Indaiatuba/SP: Foco, 2021.

CAPPELLETTI, Mauro; GARTH, Bryant. Acesso à Justiça. Trad. e rev. de Ellen Gracie Northfllet e Mauro Cappelletti. Porto Alegre: Sérgio Antônio Fabris, 2002.

DIDIER JR., Fredie. Curso de Direito Processual Civil. Volume 1: Introdução ao Direito Processual Civil, Parte Geral e Processo de Conhecimento.18. ed., Salvador: JusPodivm, 2016.

DINAMARCO. Cândido Rangel. Instituições de Direito Processual Civil. 3. ed. São Paulo: Malheiros, 2003.

DONATO, Verônica Chaves Carneiro Donato. O Poder Judiciário no Brasil: Estrutura, Críticas e Controle. Tese (Mestrado em Direito Constitucional) Universidade de Fortaleza – UNIFOR, Fortaleza, 2006.

GONÇALVES, Benedito. Jurisdição: Uso de Novas Tecnologias. In: FUX, Luiz; ÁVILA, Henrique; CABRAL, Trícia Navarro Xavier. Tecnologia e Justiça Multiportas. Indaiatuba-SP: Foco, 2021.

LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 21. ed. São Paulo: Saraiva, 2017.

LUCON, Paulo et al. Processo e Tecnologia: Novas Tendências In: LUCON, Paulo et al. Direito, Processo e Tecnologia. São Paulo (SP): Revista dos Tribunais, 2022.

MAIA, Andrea; CHAVES, Emmanuela. O Acesso à Justiça e a Solução de Conflitos On-Line. In: FALCÃO, Cintia; CARNEIRO, Tayná. Direito Exponencial: Como as Novas Tecnologias Redefinirão o Jurídico do Futuro. São Paulo (SP):Editora Revista dos Tribunais, 2020

MANCUSO, Rodolfo. 33. Significado Contemporâneo de Jurisdição e Acesso à Justiça. In: BIANCHI, José; PINHEIRO, Rodrigo; ALVIM, Teresa. Jurisdição e Direito Privado: Estudos em Homenagem aos 20 Anos da Ministra Nancy Andrighi no stj. São Paulo (SP):Editora Revista dos Tribunais. 2020.

MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Curso de Processo Civil. Volume 1 – Teoria do Processo Civil. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2022.

MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, Daniel. Curso de Processo Civil. Volume 2 – Tutela dos Direitos Mediante Procedimento Comum. 8. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2022.

NERY JUNIOR, Nelson; NERY, Rosa Maria de Andrade. Comentários ao Código de Processo Civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015.

NEVES, Daniel Amorim Assumpção Neves. Manual de Direito Processual Civil. Volume Único. 11.ª ed. Salvador: JusPodivm, 2019.

NOVELINO, Marcelo. Curso de Direito Constitucional. 13. ed. Salvador: JusPodivm, 2018.

OLIVEIRA, Marcos Martins. As 7 Ondas de “Acesso à Justiça” por Cappelletti e Garth e o papel da Defensoria Pública na efetivação dessas ondas em favor das minorias e dos grupos vulneráveis (29 dez. 2022). Disponível em: https://jus.com.br/artigos/101810/as-7-ondas-de-acesso-a-justica-por-cappelletti-e-garth-e-o-papel-da-defensoria-publica-na-efetivacao-dessas-ondas-em-favor-das-minorias-e-dos-grupos-vulneraveis. Acesso em: 4 jun. 2023.

PASCHOAL, Thaís Amoroso. Acesso à Justiça, Tecnologia, e o Nosso Realismo Esperançoso de Cada Dia. In: FUX, Luiz; ÁVILA, Henrique; CABRAL, Trícia Navarro Xavier. Tecnologia e Justiça Multiportas. Indaiatuba-SP: Foco, 2021.

PWC. O abismo digital no Brasil – Como a desigualdade de acesso à internet, a infraestrutura inadequada e a educação deficitária limitam nossas opções para o futuro. Disponível em: https://www.pwc.com.br/pt/estudos/preocupacoes-ceos/mais-temas/2022/O_Abismo_Digital.pdf. Acesso em: 9 jun. 2023

RAMOS, Fabio Fagner Pereira Ramos. Acesso à justiça: aspectos históricos, Projeto Florença e Constituição Federal de 1988. Boletim Científico ESMPU, Brasília, a. 20, n. 56, jan./jun. 2021. Disponível em https://escola.mpu.mp.br/publicacoes/boletim-cientifico/edicoes-do-boletim/boletim-cientifico-n-56-janeiro-junho-2021/acesso-a-justica-aspectos-historicos-projeto-florenca-e-constituicao-federal-de-1988 . Acesso em: 6 jun. 2023.

RIO GRANDE DO SUL. Defensoria Pública. Quase 25% da população brasileira está impedida de reivindicar seus direitos aponta pesquisa nacional da Defensoria Pública. (16 jun. 2022). Disponível em https://www.defensoria.rs.def.br/quase-25-da-populacao-brasileira-esta-impedida-de-reivindicar-seus-direitos-aponta-pesquisa-nacional-da-defensoria-publica#:~:text=A%20Defensoria%20P%C3%BAblica%20possui%20atualmente,p%C3%BAblico%20para%20cada%2033.796%20habitantes, acesso em 07. Jun.2023.

ROHRMANN, Carlos Alberto. Comentários à Lei do Processo Eletrônico. Revista Amagis Jurídica, n. 11, p. 181-228, 2014. Disponível em: https://revista.amagis.com.br/index.php/amagis-juridica/article/view/98. Acesso em: 8 jun. 2023.

RUIZ, Ivan Aparecido. Princípio do acesso justiça. Disponível em: https://enciclopediajuridica.pucsp.br/verbete/201/edicao-2/principio-do-acesso-justica. Acesso em: 5 jun. 2023.

SALLES, Bruno Makowecky. Acesso à Justiça e Inteligência Artificial. In: LUCON, Paulo et al. Direito, Processo e Tecnologia. São Paulo (SP): Revista dos Tribunais, 2022.

SILVA, Enio Moraes da. O Estado Democrático de Direito. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/ril/edicoes/42/167/ril_v42_n167_p213.pdf. Acesso em: 19.nov.2022.




DOI: http://dx.doi.org/10.26668/revistajur.2316-753X.v1i77.7068

Apontamentos

  • Não há apontamentos.




Revista Jurídica e-ISSN: 2316-753X

Rua Chile, 1678, Rebouças, Curitiba/PR (Brasil). CEP 80.220-181

Licença Creative Commons

Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.