DESAFIOS CENTRAIS E ELEMENTOS ESSENCIAIS DO DIREITO À ÁGUA, E O ODS12 NO BRASIL E ESPANHA

FRANCINE CANSI, Paulo Márcio Cruz

Resumo


A necessidade de mudanças nas tradicionais formas de gestão das políticas da água, mediante a incorporação de preocupações próprias do desenvolvimento sustentável, entrou na agenda dos governos de diversos países do mundo a partir da realização da Rio-92. Desde então, a consideração de princípios da sustentabilidade passou a ser um novo paradigma para gestão de políticas ambientais, inclusive a da água. O foco central deste estudo busca analisar a sustentabilidade dos recursos hídricos, especificamente ao ODS 12, no que concerne a política de consumo e produção de água relacionada às capacidades de colocar em prática os elementos essenciais aos ODS. Trata-se de um estudo de método indutivo e pesquisa exploratória, a partir de informações concernentes na busca de exemplos para a aplicação do ODS 12, bem como se caracteriza como descritiva, visando efetuar a descrição de processos, mecanismos e relacionamentos existentes na realidade do fenômeno pesquisado, utilizando, para tanto, a metodologia proposta por Katrin Muff e Thomas Dyllick, o Gap Frame. Como resultados, as características do agregado demonstram que o Brasil consome em média 108,4 litros de água por habitante por dia, enquanto a Espanha, 136 litros de água por habitante por dia. No Brasil o Índice de perdas é medido por agências municipais ou estaduais e indicam que 38,29% de água, enquanto na Espanha é de 47%, são perdidos desde o trajeto de captação até a distribuição. Considerando o acesso à agua, a Espanha apresenta o melhor desempenho (100%), sendo o pior desempenho relacionado ao Brasil (88,3%). Com isso, compreendeu-se que, em primeiro lugar -  todas as pessoas precisam de acesso básico à água potável e ao saneamento para viver vidas dignas e saudáveis, com acesso à água suficiente, segura, aceitável, fisicamente acessível e acessível para uso pessoal e doméstico. Isso significa um suprimento de água suficiente e contínuo e a sua adequação dependerá do contexto social, econômico, cultural, climático e ecológico predominante, pois a água deve ser entendida como um bem social e cultural, e não principalmente como um bem econômico. Os problemas relacionados à água, como consumo e perdas, ou uso excessivo desse recurso exigiram mudanças fundamentais, assegurando os padrões de consumo e produção, incluindo uma mudança geral de estilos de vida, razão pela qual se faz necessário efetivar o ODS12, que é conducente e tornam-se desafios para todas as nações nos termos de preservação e manutenção das sociedades quanto ao uso consciente da água presente e futuro, por ser um direito humano.

Palavras-chave


Direito a Água. Consumo e Produção de Água. Objetivos do Desenvolvimento Sustentável. Sustentabilidade Hídrica.

Texto completo:

PDF

Referências


ACOSTA, Alberto. El buen vivir: Sumak Kawsay, uma oportunidade para imaginar otros mundos. Barcelona: Icaria Antrazyt, 2013.

AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS – ANA. Ano base/2015. p. 9. Disponível em: < http://arquivos.ana.gov.br/portal/publicacao/Conjuntura2018.pdf>.

BAKKER, Karen; Morinville, Cynthia. As dimensões de governança da segurança hídrica: uma revisão. 2013. Disponível em: .

BRASIL. Perdas de água 2018 (SNIS, 2016): desafios para disponibilidade hídrica e avanço da eficiência do saneamento básico. São Paulo: GO Associados, 2018. 68 p.

BECKER, D. F. (org.). Desenvolvimento sustentável: necessidade ou possibilidade? 4ª ed. Santa Cruz do Sul: EDUNISC, 2002.

CAPRA, Fritjof. As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável. Editora: Cultrix. 2002. Tradução Marcelo Brandão Cipolla (acesso livre).

CANTOS, Jorge Olcina; SAURÍ, David; VERA-REBOLLO, José Fernando. Turismo, cambio climático y agua: escenarios de adaptación en la costa mediterránea española. In: CANTOS, Jorge Olcina; AMORÓS, Antonio Manuel Rico (cords). Libro Jubilar en Homenaje al profesor Antonio Gil Olcina. Edición ampliada. Alicante: Publicaciones de la Universidad de Alicante, Instituto Interuniversitario de Geografía y Universidad de Alicante, p. 171 – 193, 2016. BODNAR, Zenildo.

CRUZ, Paulo Márcio. A governança transnacional na Rio + 20. Revista do CEJUR/TJSC: Prestação Jurisdicional, v. 1, n. 01, p. 79-103, dez. 2013

CRUZ, Paulo Márcio. BODNAR, Z. O novo paradigma de Direito na pós-modernidade - Porto Alegre - RECHTD/UNISINOS. RECHTD. Revista de Estudos Constitucionais, Hermenêutica e Teoria do Direito, v. 3, p. 75-83, 2011.

DEEPASK. Mapa mundial da população com acesso à água potável (em percentual) por país. Ano base (2012/2013). Disponível em: .

ESTEVAN, Antonio Estevan; PRAT, Narcís. Alternativas para la gestión del agua en cataluña – una visión desde la perspectiva de la nueva cultura del agua. Zaragoza: Fundación Nueva cultura del Agua, Bakeaz, 2006.

FISHER, Douglas. A lei e a governança dos recursos hídricos: O desafio da sustentabilidade. Novos Horizontes na série Environmental and Energy Law. 2019. Disponível em: .

FREITAS, H; et al. O método de pesquisa survey. São Paulo: RAUSP, 2000.

FREITAS, Juarez. Sustentabilidade, direito ao futuro. Belo Horizonte, Fórum, 2012.

________ Juarez. Sustentabilidade: Um novo Prisma Hermenêutico. Revista Novos Estudos Jurídicos Eletrônica, Vol. 24 - n. 3 - set-dez 2018.

GARCÍA, Victoria Aragón; BALIBREA, Lola Frutos. Agua: la construcción discursiva de un conflicto. Documentos de Trabajo de Sociología Aplicada. Murcia: n. 2, p. 17. 2013.

GRANZIERA, Maria Luiza Machado. Qualidade da água: um enfoque jurídico e institucional do reúso indireto para fins potáveis. Revista Novos Estudos Jurídicos - Eletrônica, Vol. 24 - n. 2 – Ed. Univali. MAI-AGO 2019

INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA. INE. https://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_base_dados&xlang=pt

IRIGARAY, Carlos Teodoro Hugueney. Água: um direito fundamental ou uma mercadoria? In: BENJAMIN, Antônio Herman (Org.). Congresso Internacional de direito Ambiental: direito, água e vida. São Paulo: Imprensa Oficial, 2003.

MADRP. http://www.redesocialdecidades.org.br/consumo-total-de-agua.

MARCHIARO, Regis. Une approche transfrontalière de la gestion de;eau: le bassin hydrographique. Revue Environnement, n°. 7, étude 14, jul. 2005.

MORIN, Edgar. A via para o futuro da humanidade. Tradução de Edgard de Assis Carvalho, Mariza Perassi Bosco. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2015.

MELGAREJO MORENO, J. (2019). Agua y economía circular. https://doi.org/10.14198/Congreso-Nacional-del-Agua-Orihuela-2019

REAL FERRER, Gabriel Real. La sostenibilidad como guía de acción de la Humanidad. In: CHACON, Mario Peña (Org). El principio de no regresión ambiental en iberoamérica. Gland (Suiza): Universidad de Costa Rica: Unión Internacional para la Conservación de la Naturaleza (UICN). Comisión Mundial de Derecho Ambiental, 2015. 330 p. Disponível em: https://portals.iucn.org/library/sites/library/files/documents/EPLP-084.pdf . Acesso em: 13 out. 2019.

SANTOS, Milton. Técnica, espaço, tempo: globalização e meio técnico-científico informacional. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2008.

MUFF, Katrin; et al. The Gap Frame - Translating the SDGs into relevant national grand challenges for strategic business opportunities. The International Journal of Management Education, n. xxx, p.1-21, 2017. Disponível em: < https://www.bsl-lausanne.ch/wp-content/uploads/2017/01/IJME_The-Gap-Frame-by-Muff-Kapalka-Dyllick.pdf>.

OCDE. Organização para a cooperação e desenvolvimento econômico. Disponível em: < http://www.itamaraty.gov.br/pt-BR/component/tags/tag/15-ocde-organizacao-para-a-cooperacao-e-o-desenvolvimento-economico>.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE - OMS. Progress on drinking water, sanitation and hygiene: 2000-2017: Special focus on inequalities. 2019. Disponível em: < https://www.who.int/water_sanitation_health/publications/jmp-2019-full-report.pdf?ua=1>. Acesso em:

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS DO BRASIL. Disponível em: .

ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS – ONU. A ONU e a água. 2019. Disponível em: < https://nacoesunidas.org/acao/agua/>.

OSBORN, D; CUTTER, A; ULLAH, F. Universal sustainable development goals understanding the transformational challenge for developed countries. Report of a Study by Stakeholder Forum, May 2015. Disponível em: < https://sustainabledevelopment.un.org/content/documents/1684SF__SDG_Universality_Report_-_May_2015.pdf>.

PASOLD, Cesar Luiz. Metodologia da pesquisa jurídica: teoria e prática. 13a ed. rev. atual. amp., Florianópolis: Conceito Editorial, 2015.

PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO-PNUD. Os Objetivos de desenvolvimento do milênio. 2016. Disponível em: .

SNIS. Sistema Nacional de Informação sobre Saneamento. Disponível em: < http://app.cidades.gov.br/snisweb/src/Sistema/index>.

UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME – UNEP. Regional action plan on sustainable consumption and production in the Mediterranean. Athens, Greece, 2017. Disponível em: < https://wedocs.unep.org/bitstream/handle/20.500.11822/20731/unepmap_SCPAP_eng_web.pdf?sequence=1&isAllowed=y>.

VEIGA, José Eli da. A desgovernança mundial da sustentabilidade. São Paulo: Editora 34, 2013.

YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. Porto Alegre: Bookman, 2015.




DOI: http://dx.doi.org/10.26668/revistajur.2316-753X.v4i76.4464

Apontamentos

  • Não há apontamentos.




Revista Jurídica e-ISSN: 2316-753X

Rua Chile, 1678, Rebouças, Curitiba/PR (Brasil). CEP 80.220-181

Licença Creative Commons

Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.