Megaeventos esportivos no Brasil: entre o soft power e a cultura política

Henrique Carlos de Oliveira de Castro, Carla Mendonça, Luis Gustavo Mello Grohmann

Resumo


Esportes e megaeventos esportivos tornaram-se recursos, principalmente a partir do Século XX, para construir imagens positivas dos Estados no sistema internacional, em um exercício de soft power. São também oportunidades de buscar ou reforçar poder no nível doméstico, em um jogo de dois níveis. Este artigo discute a Copa do Mundo de Futebol de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016 no Brasil. Na revisão de literatura, caracterizamos seus usos como recursos de soft power. Com dados de pesquisas de opinião e demográficas (Datafolha e IBGE) e de cultura política (World Values Survey) avaliamos se houve apoio no nível interno à decisão de política externa. Concluímos que uma cultura política de baixa confiança nas instituições e crises internas corroeram os esforços empregados nas arenas do soft power.

Palavras-chave


soft power, cultura política, megaeventos esportivos, Brasil, Copa do Mundo, Jogos Olímpicos

Texto completo:

PDF

Referências


ALLISON, Lincoln; MONNINGTON, Terry. Sport, prestige and international relations. The Global Politics of Sport. New York: Routledge, 2015

AMAZARRAY, Igor Chagas. Futebol: o esporte como ferramenta política, seu papel diplomático e o prestígio internacional. Porto Alegre: Universidade Federal do Rio Grande do Sul, 2011. Trabalho de conclusão de licenciatura em Relações Internacionais. Disponível em: http://hdl.handle.net/10183/40288

BAQUERO, Marcello; CASTRO, Henrique C.de O. de; RANINCHESKI, Sonia. A formação política do Brasil e o processo de democracia inercial. Revista Debates. Porto Alegre. v 12, n 1, jan./abr. 2018, p. 87-106. DOI: https://doi.org/10.22456/1982-5269.81460

BOGDANOVA, Sofia. Sochi Winter Olympics 2014: soft games lost? Eurasian Ideas. Mar. 2014. [Consultado em: 28 nov. 2014]. Disponível em: http://www.eurasianideas.org/uploads/2/4/6/6/24662901/eurasian_ideas_wp3.pdf&gt

BONIFACE, Pascal. Football as a factor (and a reflection) of international politics. The International Spectator Italian Journal of International Affairs. Routledge. v 33, Issue 4, april. 1998. pp. 87-98. DOI: https://doi.org/10.1080/03932729808456836

CASTRO, H. C. DE O. DE. Cultura política: a tentativa de construção de um conceito adequado à América Latina. Revista de Estudos e Pesquisas sobre as Américas, v. 2, n. 1, 30 jun. 2008. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/repam/article/view/16058

CASTRO, Henrique C. de O.de. Cultura política comparada. Democracia e mudanças econômicas: Brasil, Argentina e Chile. Brasília: Verbena, 2014

CASTRO, Henrique C. de O. de; RANINCHESKI, Sonia, CAPISTRANO, Daniel. O conteúdo da globalização para os latino-americanos: uma análise a partir da Pesquisa Mundial de Valores - WVS. Temas Debates [online]. n 29. 2015, pp. 53-76. ISSN 1853-984X

CASTRO, Henrique C. de O. de; RANINCHESKI, Sonia; GROHMANN, Luís Gustavo M. (Org.). Poder e Esporte: Política Internacional e Mudanças Globais. 1 ed. Brasília: Verbena, 2015

Cerrillo, Omar; Mendonça, Carla; De Angelis, Felipe. Esporte e soft power: por que os Estados Unidos atacaram a Fifa? Em: CASTRO, Henrique C. de O. de; GROHMANN, L.G.M.; RANINCHESKI, Sonia. (Org.). Poder e esporte: política internacional e mudanças globais. 1 ed. Brasília: Verbena, 2015

CHADE, Jamil. Futebol vira trunfo do governo brasileiro nas relações diplomáticas. O Estado de São Paulo. 15 fev. 2014. [Consultado em: 4 ago. 2018]. Disponível em:

DATAFOLHA. Avaliação do Governo Lula continua estável; avaliação pessoal cai. Instituto de Pesquisas Datafolha. São Paulo. Mar. 2006. [Consultado em: 4 de ago. 2018]. Disponível em: http://datafolha.folha.uol.com.br/opiniaopublica/2006/03/1222252-avaliacao-do-governo-lula-continua-estavel-avaliacao-pessoal-cai.shtml

DATAFOLHA. Copa do Mundo: PO813739, 02 e 03/04/2014. Instituto de Pesquisas Datafolha. São Paulo. Abr. 2014. [Consultado em: 4 ago. 2018]. Disponível em: http://media.folha.uol.com.br/datafolha/2014/04/08/copa-do-mundo.pdf

DATAFOLHA. Olimpíada: PO813867, 14 e 15/07/2016. Instituto de Pesquisas Datafolha. São Paulo. Jul. 2016. [Consultado em: 7 ago. 2018]. Disponível em: http://media.folha.uol.com.br/datafolha/2016/07/18/olimpiada.pdf

Gazeta do Povo. Abertura em Pequim teve audiência global de 1 bilhão de pessoas. Gazeta do Povo, 11 ago. 2008. [Consultado em: 3 jun. 2018]. Disponível em: https://www.gazetadopovo.com.br/esportes/olimpiadas/2008/abertura-em-pequim-teve-audiencia-global-de-1-bilhao-de-pessoas-b4fc0r928zqtpjxv70bmwpcge

GERLERO González, Julia. La imposición del ocio: características del modo de recreación de la última dictadura militar en Argentina. Educación Física y Deporte. v 31, n 2. 2012. pp. 997-1007. ISSN-e 0120-677X

GRIX, Jonathan; LEE, Donna. Soft power, sports mega-events and emerging states: the lure of the politics of attraction. Global Society. Canterbury. v 27, n 4. set 2013. pp. 521- 536. DOI:

1080/13600826.2013.827632

HOCHSTATTER, Grace. The Olympics and soft power diplomacy: British value representation in the London 2012 opening ceremonies. Oregon: Clark Honors College, 2013

HORNE, J. Building BRICs by building stadiums: preliminary reflections on recent and future sports mega-events in four emerging economies. International Research Institute for Sport Studies: UK (IRiSS), 2014. Disponível em: https://www.eldis.org/document/A68279

IBGE. PNAD: práticas de esporte e atividade física 2015. IBGE, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Rio de Janeiro: IBGE, 2017. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv100364.pdf

LEITE, Almir. No esporte, grandes eventos e pouco legado. O Estado de S.Paulo. 12 mai. 2016. [Consultado em: 6 ago. 2018]. Disponível em: https://politica.estadao.com.br/noticias/geral,no-esporte--grandes--eventos-e-pouco-legado,10000050628

MAQUIAVEL, Nicolau. O príncipe. Trad. de Maurício Santana Dias. Prefácio Fernando Henrique Cardoso. Editora: Penguin Companhia, 2010. e-book

MELO, Victor A. de M. Esporte e propaganda política: um estudo comparado dos governos de Vargas (1930-1945) e Perón (1946-1955). Materiales para la Historia del Deporte. VII. 2009, pp. 43-58. ISSN: 1887-9586

MIELLI, J., NASSIF MANTOVANI, D. Copa do Mundo 2014 no Brasil: um estudo das atitudes e envolvimento do espectador com o evento. PODIUM Sport, Leisure and Tourism Review. São Paulo. v 3, n 3, dec. 2014. e-ISSN 2316-932X

NYE, Joseph S. O paradoxo do poder americano. São Paulo: UNESP, 2002

NYE, Joseph S. Soft power: The means to success in world politics. Public Affairs, 2005

OLIVEIRA, Lucas S. Esporte e Relações Internacionais: megaeventos esportivos e poder brando. Em: CASTRO, Henrique C. de O. de; GROHMANN, L.G.M.; RANINCHESKI, Sonia. (Org.). Poder e esporte: política internacional e mudanças globais. 1 ed. Brasília: Verbena, 2015

OLIVER, Iata. Megaeventos esportivos e relações internacionais como estratégia de atração turística. Observatório de Inovação do Turismo - Revista Acadêmica. Rio de Janeiro. v VII, n 1. Abr. 2012, pp. 1-19. ISSN 1980-6965

PRUSA, Anna C. The “soft power” power? Brazil’s soft power strategy in world politics during the Lula presidency. Washington: George Washington University, 2011

PUTNAM, R. Diplomacy and domestic politics: The logic of two-level games. International Organization, 42(3). 1988. pp 427-460. Disponível em: www.jstor.org/stable/2706785

Ranincheski, Sonia; Andriotti, Luiza. Soft power e a cultura política da dominação nas Relações Internacionais. In CASTRO, Henrique C. de O. de; GROHMANN, L.G.M.; RANINCHESKI, Sonia. (Org.). Poder e esporte: política internacional e mudanças globais. 1 ed. Brasília: Verbena, 2015

RICHARDS, Trevor. Dancing on our bones: New Zealand, South Africa, Rugby and Racism. Wellington: Bridget Williams Books, 1999. DOI: 10.7810/9781877242007

SUPPO, Hugo. Reflexões sobre o lugar do esporte nas relações internacionais. Contexto Int. [online]. v 4, n 2. 2012. pp.397-433. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0102-85292012000200002

TAYLOR, Trevor. Sport and international relations: a case of mutual neglect. Em: ALLISON, L. (Ed.). The politics of sport. Manchester: Manchester University Press, 1986

THOMAZ, Beatriz. Esporte e Relações Internacionais. Cenário Estratégico. 7 mai. 2013. Disponível em: http://cenarioestrategico.com/?p=1521>

TORREBADELLA FLIX, Xavier. España, regeneracionismo y deporte durante la I Guerra Mundial. Athenea Digital Revista de pensamiento e investigación social. [S.l.], v 16, n 1, mar. 2016. pp. 237-261. DOI: https://doi.org/10.5565/rev/athenea.1501.

ALMOND, Gabriel A.; VERBA, Sidney. The Civic Culture: political attitudes and democracy in five nations. Boston: Little, Brown and Company (Inc.), 1965.

VIANNA, J.A.; LOVISOLO, H.R. A inclusão social através do esporte: a percepção dos educadores. Rev. Bras. Educ. Fís. Esporte. São Paulo. v 25, n 2, abr./jun. 2011. pp. 285-296. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1807-55092011000200010




DOI: http://dx.doi.org/10.21902/Revrima.v4i29.4170

Apontamentos





Revista Relações Internacionais do Mundo Atual e-ISSN: 2316-2880

Rua Chile, 1678, Rebouças, Curitiba/PR (Brasil). CEP 80.220-181

Licença Creative Commons

Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.