QUEM TEM MEDO DE METODOLOGIAS ATIVAS? UMA PROPOSTA ANDRAGÓGICA DE MÉTODO PARTICIPATIVO PARA O ENSINO JURÍDICO COM FOCO NA RESOLUÇÃO DE SITUAÇÕES-PROBLEMA
Resumo
RESUMO
Objetivo: Buscamos elaborar uma metodologia para o ensino jurídico participativo, em alinhamento com os preceitos da Andragogia, com foco na resolução de situações-problema, a fim de potencializar competências e habilidades humanas relevantes para o universo do Direito.
Metodologia: Por meio de pesquisa hipotético-indutiva, adotamos uma abordagem multidimensional, de natureza descritiva, explicativa, preditiva e propositiva, com base em pesquisa bibliográfica e em observação participante.
Resultados: No contexto das novas ferramentas de Inteligência Artificial (IA) generativa, o modelo de ensino jurídico expositivo se tornou ainda mais disfuncional, pois foca em habilidades e competências mecânicas já incorporadas pelas IAs, como armazenagem, memorização e reprodução de informações. Em resposta ao novo cenário, devemos investir, mais do que nunca, em diferenciais humanos, pautados em autoaprendizagem, autonomia do pensamento e inovação. Nesse sentido, o modelo participativo é a resposta mais adequada para a promoção das potencialidades humanas.
Contribuições: A metodologia proposta tem potencial para promover o ensino jurídico participativo, pois, em razão de sua relativa simplicidade e acessibilidade, pode funcionar como uma porta de entrada para professores de Direito que ainda permaneçam refratários a metodologias ativas de maior complexidade.
Palavras-chave: Ensino jurídico participativo; andragogia; metodologias ativas; solução de situações problema; competências e habilidades.
ABSTRACT
Objective: We seek to develop a methodology for participatory legal teaching, in alignment with the precepts of Andragogy, focusing on resolving problem situations, to enhance human skills and abilities relevant to the universe of Law.
Methodology: Through hypothetical-inductive research, we adopted a multidimensional approach: descriptive, explanatory, predictive and propositional in nature, based on bibliographical research and participatory observation.
Results: In the context of new generative Artificial Intelligence (AI) tools, the expository legal teaching model has become even more dysfunctional, as it focuses on mechanical skills and competencies already incorporated by AIs, such as storing, memorizing and reproducing information. In response to the new scenario, we must invest, more than ever, in human differences, based on self-learning, autonomy of thought and innovation. In this sense, the participatory model is the most appropriate response to promoting human potential.
Contributions: The proposed methodology has the potential to promote participatory legal education, as, due to its relative simplicity and accessibility, it can function as a gateway for Law teachers who remain refractory to more complex active methodologies.
Keywords: Participatory legal education; andragogy; active methodologies; resolving problem situations; skills and abilities.
Palavras-chave
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